Sentada na sua cama, entediada em mais um dia de chuva, ela estava olhando para a estante de livros que havia no seu campo de visão. Lembrou que estava na hora de arrumá-la. Com muita preguiça levantou e foi até ela. Tirou alguns livros até um papel velho cair de dentro de um deles. Ela olhou por alguns momentos para aquele pedaço de papel insignificante no chão. Pegou-o e abriu. Lembrou-se na mesma hora de quem era a letra grafada de modo quase ilegível ali. Não havia quase nada escrito, apenas um pedaço de uma letra de música, dizendo que ela conseguia colocar um sorriso no rosto dele todas as manhãs. Já fazia tanto tempo. Aquele momento voltou em sua mente no mesmo momento, como um flashback. Via o garoto levantando e deixando um bilhete em sua carteira enquanto seguia em direção ao lixo. Lembrava do sorriso discreto que formou em seu rosto e do bilhete de resposta. Lembrou da risada dele e da sua vontade de rir junto. E do bilhete que veio a seguir, escrito que ele tinha acabado de provar o estava escrito no bilhete anterior. A cena ainda estava perfeitamente montada em sua memória. É uma pena que os personagens tivessem tido destinos tão diferentes. Mas é assim mesmo, não? A vida muda, pessoas mudam com ela. E memórias servem para nos lembrar que tudo foi real, apesar de ter acabado.
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